quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Arsène Wenger: uma relação de amor e ódio.

Há 66 anos, em Strasbourg, França, nascia alguém capaz de despertar uma gama variada de sentimentos nas pessoas.

Foi jogador de futebol, atualmente é treinador e, na Copa do Mundo de 2010, foi contratado por uma emissora francesa de TV para ser comentarista.

Começou sua carreira de jogador em 1969, aos 20 anos, como zagueiro, se profissionalizou em 1973 e parou de jogar em 1981.

Durante esse período passou por apenas 03 clubes: FC Mulhouse, ASPV Strasbourg e RC Strasbourg, conquistando apenas um título: o Campeonato Francês 1978-79, jogando pelo último clube.

Ou seja, essa parte da sua carreira foi curta e sem grande expressão.

Três anos depois de para de jogar, em 1984, tornou-se treinador. Essa, sim, é uma carreira expressiva e vitoriosa.

Começou no Nancy (França), onde ficou por 03 anos. Nos sete anos seguintes, treinou o Monaco, também francês, conquistando os seguintes títulos: Campeonato Francês 1987-88 e Copa da França 1990-91.

Na temporada 1995-96 trabalhou no Japão, treinando o Nagoya Grampus Eight e conquistou dois títulos: Copa do Imperador e Supercopa Japonesa, ambos em 1996.

A partir daí é que a sua história passa a nos interessar.

Em 1996, Arsène Wenger desembarca em Londres, para treinar o Arsenal.

O seu estilo de trabalho é diferente da imensa maioria dos treinadores do mundo.

Ao contrário do que muitos torcedores esperam, ele não gosta de contratar estrelas. Prefere lapidar suas próprias pedras preciosas.

Para isso, contrata muitos jogadores novos (normalmente abaixo dos 20 anos) e os molda de acordo com suas características e as necessidades do clube.

Talvez por ele próprio não ser uma grande estrela quando iniciou a sua carreira no Maior de Londres. Na época, era pouco conhecido no futebol inglês.

Antes de sua chegada, torcedores e crítica classificavam o estilo de jogo do Arsenal como entediante.

Ao impor seu estilo técnico-tático (4-4-2), essa imagem passou a mudar e a seduzir aqueles que, anteriormente, reclamavam.

E foi esse seu estilo que trouxe de volta aos gooners o orgulho de pertencer à elite das lendas do futebol inglês.

Desde a sua chegada, teve momentos de glória, conquistando muitos títulos: 03 vezes o Campeonato Inglês (um de forma invicta), 06 vezes a Copa da Inglaterra e 06 vezes a Supercopa da Inglaterra.

Mas não foram só títulos coletivos que o francês conquistou.

Coleciona muitos títulos individuais: Treinador da Década (2011), Treinador Francês do Ano (1988, 2008), Treinador do Ano na J. League (campeonato japonês de futebol, em 1995), Onze D’or – Treinador do Ano (1998, 2002, 2003 e 2004), Treinador do Ano na Premier League (1998, 2002 e 2004), Treinador do Ano pela LMA (2001-02, 2003-04), Personalidade Esportiva do Ano BBC (2002, 2004), Morador Ilustre de Islington (2004), Tributo da FWA (2005), Hall da Fama do Futebol Inglês (2006), Treinador do Mês na Premier League (12 vezes).

Ostenta, ainda, a Ordem do Império Britânico, que lhe foi outorgado pela Rainha Elizabeth II, em 2003.

Considerado um grande estrategista, é conhecido como o “treinador cavalheiro” e, por isso, recebeu do futebol inglês o prêmio fair-play em 1998.

Apesar de tantos títulos, está longe de ser unanimidade entre os torcedores.

Muitos o idolatram. Outros acham que devia se aposentar.

Sem dúvida, construiu uma grande história na Arsenal, tanto pessoal, como do clube.

É inegável que fez um ótimo trabalho, principalmente na época das “vacas magras”, durante a construção e pagamento do Emirates Stadium, em que a verba para contratar era pequena.

O problema é que o último título de grande importância – o campeonato inglês – já foi há muito tempo (temporada 2003-04) e a torcida se ressente disso.

Pesa contra ele, também, o fato de nunca ter conquistado um título europeu, apesar de disputar constantemente a Champions League.

Não podia deixar de comentar que, apesar dos altos e baixos vividos e das críticas de grande parte da torcida – sobretudo pelas duas primeiras derrotas nessa edição da Champions League – e do começo tortuoso na Premier League, no primeiro ainda estamos “respirando por aparelhos” e no segundo, já somos o segundo colocado.

Ainda resta uma esperança de um futuro melhor e mais brilhante. E um título de relevância não parece tão impossível ou improvável.

O fato é: gostando ou não de seu estilo de contratar e treinar a equipe, ele tem uma grande história com o clube, que tem continuidade garantida até 2017.

E, ao que parece, os seus comandados gostam desse seu estilo e, quando são levados a traçar o seu perfil, a qualidade mais citada é a sua capacidade de transmitir força mental às equipes que orienta.

No dia do seu aniversário, fica aqui a homenagem a um homem com uma grande história, que se confunde com a história de um grande clube.

Só nos resta desejar que essa história se torne ainda mais vitoriosa e que tenhamos muito a comemorar daqui para a frente.

Parabéns, Arsène Wenger!

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