Não, não enlouqueci.
Também não estou mudando o objeto do blog.
Apenas acredito que ser torcedor é um ato de amor.
Afinal, a gente sempre torce para que as pessoas que amamos
estejam sempre saudáveis, felizes, alcancem metas, conquistem objetivos,
realizem sonhos e tenham o sucesso que almejam – não importando qual seja a
definição de sucesso de cada um.
Com um clube de futebol, é a mesma coisa.
A gente ama o clube, o time, os jogadores e torce, a cada
partida, para que eles tenham sucesso e saiam de campo, felizes e saudáveis.
Entretanto, nesse caso, o conceito de sucesso é bem mais
específico: é entrar em campo, marcar mais gols que o adversário e sair com a
vitória.
No caso da Final em Baku, o sucesso teria sido voltar
para casa com o troféu no avião.
Não conseguimos.
Mas será, eu me pergunto, que o fato de o nosso time
amado não ter conseguido obter o sucesso que nós – e eles – desejávamos, é
razão para sair despejando impropérios, amaldiçoando jogadores e treinador,
desejando a saída deste ou daquele?
Pessoalmente, acredito que não.
Acredito que amar é muito mais que sair agredindo o ser
amado quando ele não corresponde aos nossos desejos, quando ele nos decepciona,
quando ele nos magoa.
Uma vez eu li que temos o hábito de “amar por que”,
quando, na realidade, deveríamos “amar apesar de”.
Acho que faz todo o sentido, afinal, amar pelas virtudes
é muito fácil. O amor só se prova se sobrevive aos defeitos.
E, se cada pessoa, é um poço das duas coisas, imaginem um
time de futebol – que é composto de 11 indivíduos diferentes, de diferentes origens,
com diferentes modos de criação, diferentes percepções do mundo e da vida?
Quer dizer, 11 são apenas os que entram em campo juntos,
mas não podemos esquecer os reservas, o técnico.
Sair chamando o time de “time de M”, como eu vi uma
conceituada página fazer, para mim, é como o homem que bate na esposa quando
ela queima o arroz.
E isso, meus amigos, não é amor.
Além do mais, se deixarmos de lado esse sentimento que
chamam de “paixão”, “amor” (que mais se assemelha a ódio) e analisarmos
friamente a temporada, o conjunto da obra não foi tão horrível assim.
Há 13 anos (segundo eu li) não chegávamos a uma final de
competição europeia.
Chegamos. Com dificuldades. Com desfalques. Contra um
adversário grande, que desejava o mesmo que nós. Na primeira temporada de Unai
Emery.
Nessa temporada nos despedimos de Ramsey (que não poderia
jogar por estar lesionado), Welbeck (que estava lá, à disposição) e de Cech
(que foi titular).
Vocês acham mesmo que eles gostariam de se despedir de
forma tão melancólica?
Ramsey voou da Itália para Baku com o único objetivo de
apoiar seus ex-colegas de clube. Vocês acham que era aquele resultado que ele
queria?
Welbeck estava lá, à disposição. Vocês acham que ele não
queria ter tido a chance de fazer alguma coisa para mudar o resultado?
Cech, coitado, jogou a última partida da sua carreira.
Vocês acham que era dessa forma que ele gostaria de iniciar sua aposentadoria?
Não podemos deixar de mencionar, também, que o horário do
jogo era um tanto ingrato.
Para nós, começou às 16 horas. Para eles, eram 23 horas.
Alguém aí já imaginou disputar uma partida dessas a essa hora da noite?
Alguém aí já imaginou o quanto o fuso horário pode ter
interferido no comportamento dos envolvidos?
E nem venham me falar que isso é besteira, quando grande
parte dos brasileiros reclamava do horário de verão – que era uma hora só.
Portanto, se após considerar todos esses aspectos, você
continuar se achando no direito de dizer que o time é um lixo, que tem que
vender todo mundo, seria bom você reconsiderar, também, se intitular torcedor.
E, por favor, nunca mais diga, escreva, publique
Amar dói, machuca, mas vale a pena.
O amor verdadeiro supera tudo e segue buscando, sempre, o
que o objeto de seu amor tem de melhor.
Deixo aqui um pedido: ame o time.
Mas, ame de verdade.
Com força, com paixão, com adoração.
Procure sempre os pontos positivos.
Afinal, os negativos, os adversários se encarregam de
apontar.
Comece a fazer esse exercício de amor agora.
Enquanto estamos “de férias” do time.
Fortaleça esse amor para a próxima temporada.